Seminário em Macaé discutiu papel da ciência no desenvolvimento da cidade
Foi realizado em Macaé no último dia um seminário com o objetivo de discutir como a Ciência pode ajudar a desenvolver a cidade. O debate trouxe a tona um tema importante: a tentativa de prevenir um colapso econômico já que hoje o município conta com 260 mil habitantes do Norte Fluminense e tem forte dependência das receitas da indústria do petróleo, um recurso natural não renovável. O evento foi organizado pelo sindicato dos docentes (AdUFRJ) no Nupem e contou com a participação de professores e representantes do poder público local.
“Estamos aqui pensando como esse polo universitário pode contribuir para criar formas alternativas de desenvolvimento, menos dependentes de um combustível fóssil e menos nocivas ao meio ambiente”, afirmou a presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart.
O ecossistema científico para esta missão já existe e deve ser fortalecido. Estão sediados em Macaé, além da UFRJ, a UFF, o IFRJ e a uma faculdade municipal (Femass). “Temos aqui um município com uma vocação de produção de ciência, de tecnologia, de capacitação de mão-de-obra”, disse Mayra, que também é coordenadora do Observatório do Conhecimento — rede de associações docentes que defendem a universidade pública.
Diretor da AdUFRJ e professor do Nupem, Rodrigo Nunes da Fonseca reforçou que a cidade reúne os recursos humanos necessários para fazer esta transformação. “Na década de 1980, o município iniciou uma sólida e bem-sucedida política para instalação de universidades públicas em seu território. Como resultado, passou de uma cidade exportadora de universitários para uma cidade universitária. Onde vivem milhares de estudantes e cientistas de diferentes instituições e áreas do conhecimento”, disse.
“Somente a UFRJ possui mais de 400 docentes e técnicos-administrativos, muitos deles com doutorado, capazes de apoiar iniciativas do poder público local e contribuir com a sociedade de Macaé. Este modelo já é praticado há décadas por vários municípios brasileiros, como São Carlos, Campinas, Piracicaba, Petrolina e Campina Grande”, afirmou Rodrigo. “Esta é uma oportunidade ímpar para contribuir para que o crescimento de Macaé ocorra com equidade econômica, social e com preservação ambiental”.
Crescimento que deve acontecer com industrialização e igualdade de distribuição da renda, na opinião da professora Ligia Bahia, que representou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência no encontro. “Somos uma sociedade que vem da escravidão e do extrativismo. Isso gera um modelo com imensa desigualdade. Como a gente sai disso? Com desenvolvimento, com modernidade”, avaliou. “E, para nós, desenvolvimento sempre foi indústria. Uma indústria que não polua, que gere modernidade. Porque, senão, a indústria pode concentrar riqueza, como aconteceu nos anos 50”, completou.
Industrializar, claro, significa investir em pesquisa. “A Ciência desenvolve. Quem produz é a indústria”, afirmou. “Precisamos ser capazes de desenvolver projetos de moradia que não existem, medicamentos que não existem ainda. A gente não chega a gastar 2% do PIB com ciência. Precisamos ampliar os investimentos para sair da escravidão e do extrativismo para uma modernidade igualitária”.
Vice-prefeito eleito, Fabiano Paschoal (MDB) aposta na cooperação com as universidades, mas expôs as limitações do governo. “Mal comparando, Juscelino Kubitschek dizia que ia desenvolver o Brasil 50 anos em 5 anos. A gente tenta recuperar Macaé 200 anos em 4 anos. Isso não é fácil”, disse.
Fabiano observou que a cidade possui 17 mil servidores. “Macaé tem mais servidor que qualquer município do estado e, proporcionalmente, mais que a capital. É difícil, ás vezes, fazer pesquisa e inovação, com uma folha de R$ 126 milhões mensais na rubrica de pessoal. Mas é preciso fazer. Nosso prefeito está pensando Macaé 20 anos à frente. O petróleo vai acabar. Mas isso também não é uma coisa para amanhã”, ponderou.
Contextualizando os pensamentos sobre a necessidade de investimentos na Ciência é “chover no molhado” de tão urgente.
Com toda certeza inovar na Ciência e Tecnologia é uma das saídas para os cenários que chegarão, especialmente com atores capazes em contribuir com o progresso do nosso município.
Por fim, ressalto com bastante atenção, a fala do nosso querido Vice-prefeito (eleito), quando diz sobre um assunto recorrente, que é o fim do petróleo. A cidade precisa diminuir as despesas correntes “HOJE” pensando e preparando o “AMANHÔ. As Despesas de Gestão são altíssimas . Herança de outras Gestões.
Vicente Carneiro Cardoso (Vicente da FOX)