Petrobras traça planos para ampliar produção com 14 novos FPSOs até 2028
A Petrobras está colocando em prática uma ambiciosa estratégia para expandir sua capacidade de exploração e produção (E&P) offshore, tendo como base a instalação de 14 novas unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência (FPSOs) entre 2024 e 2028. Essa nova frota é o eixo central do Plano Estratégico 2024–2028 da companhia e tem como meta alcançar uma produção de 3,2 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed). A iniciativa reforça a relevância do pré-sal e consolida o papel da Petrobras como um dos principais atores no cenário energético global.
O Plano Estratégico 2024-2028+ da Petrobras projeta um investimento total de US$ 102 bilhões, com US$ 73 bilhões destinados a E&P, sendo aproximadamente 67% para o pré-sal. O plano subsequente (PE 2025-2029) elevou o CAPEX E&P para US$ 77,3 bilhões. A meta é alcançar 3,2 milhões de boed até 2028/2029, com o pré-sal respondendo por 79% da produção.
Para isso, o plano prevê a entrada em operação de 14 novos FPSOs da Petrobras entre 2024 e 2028, com dez já contratados. A estratégia foca em ativos rentáveis, com um preço de equilíbrio médio do Brent entre US$ 25 e US$ 28 por barril para os projetos de E&P.
Detalhes dos principais FPSOs da Petrobras em desenvolvimento
Diversas unidades compõem esta nova frota de FPSOs da Petrobras. O FPSO Maria Quitéria, no campo de Jubarte, e o FPSO Alexandre de Gusmão, em Mero 4, tiveram suas produções iniciadas de forma antecipada em outubro de 2024 e maio de 2025, respectivamente.
O FPSO Almirante Tamandaré, em Búzios 7, com capacidade de 225 mil barris por dia (kbpd), iniciou operações em fevereiro de 2025, tornando-se a maior unidade produtora do Brasil. O FPSO Sepetiba (P-78), em Mero 2, com 180 kbpd, também já está operacional desde o final de 2023/início de 2024.
Contudo, alguns projetos enfrentam desafios. O FPSO P-80 (Búzios 9), com capacidade de 225 kbpd, teve seu cronograma atrasado em um ano, para 2027. A revitalização de Albacora (P-88) está com atraso de mais de uma década, com nova licitação prevista para após 2030.
Onde os novos FPSOs vão operar
A estratégia de crescimento da Petrobras está fortemente ancorada no desenvolvimento acelerado de seus campos mais prolíficos no pré-sal.
Campo de Búzios: Localizado na Bacia de Santos, é o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo. A Petrobras projeta que Búzios ultrapasse 2 milhões de boed até 2030. Além do já operacional Almirante Tamandaré, estão previstos para Búzios os FPSOs P-79 (180 kbpd), P-80 (225 kbpd), P-82 (225 kbpd) e P-83 (225 kbpd).
Campo de Mero: Também na Bacia de Santos, é o terceiro maior do pré-sal. Com a entrada do Alexandre de Gusmão (Mero-4, 180 kbpd), somando-se ao Pioneiro de Libra, Guanabara (Mero-1) e Sepetiba (Mero-2) e Marechal Duque de Caxias (Mero-3), a capacidade instalada em Mero atingirá 770.000 bpd.
Campo de Jubarte (Parque das Baleias): No pré-sal da Bacia de Campos, o FPSO Maria Quitéria (100 kbpd) iniciou produção em outubro de 2024, complementando a produção existente e diversificando o portfólio da Petrobras.
Tecnologia e sustentabilidade, a inovação embarcada nos FPSOs da Petrobras
Os novos FPSOs da Petrobras incorporam tecnologias avançadas para operar em águas ultraprofundas e mitigar impactos ambientais. Destacam-se:
CCUS (Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono): Unidades como P-78, P-80 e P-83 são projetadas para reinjetar CO₂ nos reservatórios.
Sistema de Flare Fechado: Aumenta o aproveitamento do gás e evita sua queima, implementado no P-80 e Almirante Tamandaré.
HISEP® (Separação de Alta Pressão): Tecnologia patenteada pela Petrobras para separação e reinjeção de CO₂ no fundo do mar, aumentando a produtividade. O FPSO Marechal Duque de Caxias será pioneiro no uso a partir de 2028.
FPSOs “All Electric”: Novos projetos visam otimizar o consumo de energia e reduzir emissões.
A Petrobras busca zerar a queima de rotina em tochas até 2030 e estabeleceu metas de intensidade de GEE de 15 kgCO₂e/boe até 2025.
O futuro da produção com os FPSOs
A expansão da frota de FPSOs da Petrobras é vital para suas metas de produção e para a segurança energética do Brasil. No entanto, enfrenta riscos como a execução de múltiplos projetos complexos, a inflação de custos na cadeia de suprimentos e a volatilidade do preço do petróleo.
As estratégias de contratação variam entre EPC (Engenharia, Suprimentos e Construção), afretamento e BOT (Construção, Operação e Transferência), este último adotado para a nova licitação de Albacora. O sucesso desta empreitada monumental depende da gestão eficaz desses riscos e da entrega pontual dos novos FPSOs da Petrobras, especialmente os destinados a Búzios e Mero.