Petrobras descobre petróleo de alta qualidade no pós-sal da Bacia de Campos
A Petrobras anunciou, nesta segunda-feira (17), a descoberta de petróleo de alta qualidade em um poço exploratório localizado no pós-sal da Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro. A identificação ocorreu no bloco Sudoeste de Tartaruga Verde, situado a 108 quilômetros da costa de Campos dos Goytacazes (RJ), em área com profundidade d’água de 734 metros. A descoberta reforça a importância histórica da bacia, que por décadas foi responsável por grande parte da produção nacional de petróleo.
Perfuração concluída e início das análises
De acordo com comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a perfuração do poço 4-BRSA-1403D-RJS foi finalizada e revelou um intervalo portador de petróleo, confirmado por perfis elétricos, presença de gás e amostras de fluidos. Essas amostras serão encaminhadas para análises laboratoriais, que vão detalhar as características dos reservatórios e ajudar a estimar o potencial produtivo da área.
A Petrobras opera o bloco com 100% de participação, adquirido em setembro de 2018 durante a 5ª Rodada de Partilha de Produção, sob gestão da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).
Nova descoberta reforça papel estratégico da Bacia de Campos
A Bacia de Campos segue como um dos principais polos petrolíferos do país, mesmo após a ascensão do pré-sal. A região é formada por uma área marítima que se estende do Espírito Santo, nas proximidades de Vitória, até Arraial do Cabo, no norte fluminense, totalizando cerca de 100 mil quilômetros quadrados.
A PPSA explica que a bacia foi uma das primeiras descobertas de grande potencial no Brasil, com operações que enfrentaram o desafio inicial da exploração em águas profundas. A formação geológica, ocorrida há cerca de 100 milhões de anos, resultou de processos ligados à separação dos continentes sul-americano e africano, criando um ambiente propício ao acúmulo de sedimentos ricos em hidrocarbonetos.

Pós-sal x pré-sal
A descoberta atual está localizada em uma área de pós-sal, camada onde o petróleo se encontra acima do sal, portanto em profundidades menores e com acesso menos complexo do que no pré-sal. Já o pré-sal, que responde por cerca de 80% da produção nacional, está situado sob uma espessa camada de sal, exigindo tecnologia avançada para operação.
Descoberta se soma a novos avanços exploratórios no país
A nova identificação na Bacia de Campos ocorre meses após outra descoberta relevante da Petrobras no bloco Aram, no pré-sal da Bacia de Santos, anunciada em maio. O poço localizado a 248 quilômetros de Santos (SP), com 1.952 metros de profundidade, marcou a segunda descoberta de petróleo de alta qualidade no mesmo bloco apenas em 2025, reforçando o potencial produtivo da região.
Além disso, a companhia avançou em outra frente considerada estratégica: a Margem Equatorial. Em outubro, o Ibama autorizou a Petrobras a perfurar um poço exploratório na região da Foz do Amazonas, em águas profundas. A permissão foi concedida após ajustes no projeto, com o órgão ambiental destacando melhorias na estrutura de segurança e mitigação de impactos.
A Petrobras afirmou que apresentou evidências da robustez dos sistemas ambientais e ressaltou que novas fronteiras de exploração são essenciais para garantir a segurança energética do país e fornecer recursos para uma transição energética justa. O poço está localizado no bloco FZA-M-059, a cerca de 500 km da foz do Rio Amazonas e 175 km da costa, com previsão de perfuração inicial de cinco meses.
A expectativa é que a área possa se tornar um “novo pré-sal”, com potencial para produzir até 1,1 milhão de barris por dia, superando campos como Tupi e Búzios, que produzem cerca de 1 milhão e 800 mil barris por dia, respectivamente.
Exploração na Foz do Amazonas segue sob debate
Apesar do aval ambiental, o projeto na Margem Equatorial enfrenta resistência de organizações ambientalistas, que alertam para riscos em uma região considerada sensível e ainda pouco estudada. Também há preocupação com possíveis impactos sobre comunidades que dependem da pesca.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou recentemente que o Brasil não está pronto para abrir mão dos combustíveis fósseis, mas que qualquer exploração na região deve ser conduzida de forma responsável.
Próximos passos
Segundo a Petrobras, o próximo passo será aprofundar as análises sobre o reservatório para determinar sua viabilidade e futuro potencial produtivo. A companhia afirma que o conjunto de descobertas recentes faz parte de um esforço contínuo para ampliar a oferta de petróleo, sustentar investimentos e garantir o abastecimento energético no longo prazo.
