Mulher desafia estereótipos e se destaca em trabalho em altura na MODEC
O setor de óleo e gás em sua maioria é constituído por homens, mas isso vem mudando nos últimos anos. As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço e Brenda Alves é a prova viva disso. Técnica de integridade de equipamentos estáticos na MODEC, ela desafia padrões e hoje atua no FPSO Guanabara MV31, o maior produtor de óleo e gás do Brasil, operado pela empresa. Sua especialidade? Trabalhar em altura, suspensa por cordas, para garantir a segurança e a integridade estrutural da plataforma.
A profissão, que exige certificações rigorosas e condicionamento físico intenso, ainda tem poucas mulheres no Brasil. Segundo a Norma Regulamentadora NR-35, qualquer trabalho realizado a mais de dois metros de altura é considerado de risco e demanda profissionais altamente qualificados. E foi nesse universo que Brenda encontrou sua vocação, tornando-se pioneira em diversas operações ao longo da carreira.
Desafios e superação
Brenda explica que o acesso por corda não é uma qualificação fácil e que muitas pessoas ficaram impressionadas com sua determinação. Em alguns momentos, chegou a pensar em desistir. Em uma das empresas onde trabalhou, foi a primeira mulher da unidade a realizar o acesso por corda em uma atividade, o que gerou curiosidade entre os colegas. Segundo ela, até o gerente da unidade quis saber mais sobre o procedimento, acompanhar o início do acesso de perto e se preocupava muito com sua segurança.
“No início, eu me sentia um pouco inibida, pois, apesar de ser uma profissional qualificada, sabia que uma mulher de 1,50m realizando trabalho de acesso por cordas era algo inusitado para muitos. Vi vários colegas surpresos ao me observar no acesso por corda, e isso me fez perceber a importância da representatividade feminina na área. Hoje, vejo mais mulheres no setor e torço pelo aumento do número de profissionais do sexo feminino”, conta Brenda.
Para estar apta para o trabalho em altura é preciso estar em dia com as certificações que são essenciais para a execução segura das atividades.
“Nosso trabalho exige muito rigor técnico. O acesso por corda nos permite chegar a locais de difícil acesso, tornando o trabalho de inspeção mais ágil e eficiente. Considero que somos os guardiões da integridade do navio.Cada dia é diferente, precisamos sempre nos planejar e alinhar as atividades de acesso por corda que iremos realizar. Trabalhamos sempre em conformidade com os procedimentos e normas para garantir a segurança e a integridade do navio e das pessoas a bordo.
Condição física e mental
Segundo ela, o acesso por corda exige muito do corpo e da mente, sendo fundamental estar bem fisicamente e psicologicamente, pois lidar com altura requer preparo. Explica que o treinamento é intenso e que qualquer distração pode causar um acidente.
“Preciso manter uma rotina de exercícios físicos. Faço musculação, corrida e pulo corda, tanto em casa quanto no navio, nos momentos de folga. Isso me ajuda a manter a força e a agilidade necessárias para o trabalho. Além disso, antes de qualquer acesso, passamos por uma avaliação na enfermaria para garantir que estamos aptos para a atividade”, ressalta.
Trajetória pessoal
Ela tem dois anos de experiência na MODEC, onde ingressou em 2022 mas sua trajetória na área começou há muito tempo. Começou a carreira na área de inspeção e planejamento, já trabalhou em unidade de tratamento de gás e atua no setor de óleo e gás desde 2008. Foi nessa época que passou a se interessar pelo trabalho em altura e pelo acesso por corda, uma área onde, segundo ela, quase não havia mulheres.
Brenda é do Espírito Santo e mora na cidade de Linhares/ES. A cada 15 dias, viaja para Vitória, depois para o Rio de Janeiro, de onde segue para Cabo Frio e, finalmente, pega um helicóptero até o navio – uma jornada que leva quase um dia inteiro.
Presença feminina no ambiente offshore
Para ela, é essencial que mais mulheres ingressem no setor. Brenda destaca também a importância do apoio mútuo entre as profissionais para o crescimento e fortalecimento da presença feminina na indústria. Brenda conta que, no início de sua carreira, quando ainda era raro ter mulheres a bordo, percebia olhares e situações desconfortáveis. Hoje, vê mudanças positivas e acredita que muitas barreiras estão sendo superadas. “Havia apenas um banheiro feminino no navio, e o machismo era mais presente. No entanto, essa realidade tem mudado. Aqui eu me sinto respeitada e ouvida, tenho minhas opiniões valorizadas sinto que estou em um ambiente mais inclusivo”, comemora.
Família e conquistas
Ela relata que, no início, seu pai achou sua escolha profissional incomum. Quando passou no primeiro processo seletivo, ele ficou feliz, mas demonstrou certa resistência. Porém, com o passar dos anos, viu o desenvolvimento profissional e pessoal da filha, além de sua independência financeira, e passou a apoiar mais suas escolhas. Atualmente, ela conquistou sua casa e seu carro, além de conseguir ajudar a família. Em alguns momentos, pensou em desistir, mas afirma que sempre teve um propósito muito claro. Conta que todo dinheiro que ganhava investia em estudos, o que abriu muitas portas para sua trajetória profissional. Hoje, Brenda atua como Técnica de Integridade de Equipamentos Estáticos na MODEC e segue determinada a continuar crescendo na carreira.
Sobre a MODEC – A MODEC é líder global no segmento de construção, afretamento e operação de plataformas para produção de óleo e gás e possui mais de 55 anos de história. Há mais de duas décadas em mares brasileiros, a MODEC opera 13 plataformas de petróleo e gás, possui uma unidade em construção e outra em fase final de comissionamento para o país. São mais de 3,2 mil empregados atuando no Brasil.