Infraestrutura de transportes é a aposta do Médio Paraíba para o desenvolvimento
Projetos que melhoram os acessos, sejam viários, aéreos e ferroviários, estão entre os investimentos prioritários para a promoção do crescimento econômico da Região do Médio Paraíba.
As propostas foram apresentadas à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta sexta-feira (19), durante evento em Volta Redonda, para discutir a regularização do Fundo Soberano.
O encontro reuniu prefeitos e outras autoridades dos municípios vizinhos, acadêmicos, empresários e representantes de organizações sociais.
“O estado vem perdendo posições e precisa ser o indutor de novos investimentos na área de serviços, de ciência e tecnologia, novos produtos e infraestrutura, quer seja ferrovia e/ou aeroportos. Aqui temos a demanda regional de um aeroporto, a malha ferroviária não é hoje 20% do que o estado já teve. A questão da Dutra é fundamental para a região. Mais do que falar, é ouvir os atores que estão participando do debate”, afirmou o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Sul Fluminense (SulCarj), José Marciano de Oliveira, citou a necessidade da melhoria do acesso entre Volta Redonda e Angra dos Reis como iniciativa indutora da atividade turística.
Já a construção de uma ligação de 80 quilômetros de Barra Mansa até Itatiaia seria uma alternativa para desafogar a Rodovia Presidente Dutra.
“Todas as vezes que há algum imprevisto, dificuldade ou acidente na Dutra, a conexão de uma cidade com a outra também para. As cidades param”, comentou o presidente do SulCarj.
A reativação da ferrovia que liga a cidade de Barra Mansa a Angra dos Reis é apontada como fundamental para estimular a exportação dos produtos das regiões.
“Acho que o Fundo Soberano vem em uma boa hora e precisamos desses recursos para desenvolver essas atividades e melhorar a infraestrutura do estado”, disse Oliveira.
No encontro, também foi citada a necessidade da finalização das obras do aeroporto de Resende, que hoje precisa de R$ 12 milhões, e a construção de um novo aeroporto regional de médio porte.
Ceciliano afirmou que já levou o pleito ao governador do Estado, Cláudio Castro, e ao secretário de Estado de Obras e Infraestrutura, o deputado licenciado Max Lemos.
Turismo
A diretora-executiva do Vale do Café Conventions & Visitors Bureau, Luciana De Lamare, vê nos recursos do Fundo Soberano a oportunidade de investimentos em projetos turísticos para a região, valorizando os patrimônios materiais e imateriais do estado.
Ela também avalia como ações estruturantes o incentivo à agricultura familiar e o combate às construções irregulares.
“A promoção turística é só uma parte importante nessa cadeia produtiva, nesse setor que tangencia vários outros segmentos da economia. A gente precisa olhar o turismo como muito importante para o desenvolvimento do território. Na nossa região, a gente trabalha a ativação de centros históricos, a recuperação do artesanato típico que é fonte de renda e ajuda na igualdade de gênero”, citou De Lamare.
O presidente da Alerj sugeriu que algumas das iniciativas possam ser implementadas por projetos em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), inclusive com apoio financeiro do Parlamento Fluminense.
Presente no encontro, o reitor da Uerj, Ricardo Lodi, ressaltou que a universidade vai inaugurar um polo na região, com uma Faculdade de Medicina integrada ao Hospital Regional Zilda Arns, em Volta Redonda.
Realizado na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas de Volta Redonda (CDL-VR), o prefeito do município, Antônio Neto, que foi o anfitrião do encontro, pleiteou o apoio da Alerj para que seu município e Barra Mansa, sejam incluídos no Regime Tributário Regional de ICMS, que reduz a alíquota de 18% para até 2%.
Ele também destacou a relevância da relação de proximidade que a atual gestão da Alerj tem estabelecido com os municípios e outros Poderes.
“Volta Redonda fica muito orgulhosa de ter a Alerj como parceira. O presidente André Ceciliano, tem ajudado muito o estado do Rio a crescer e a se desenvolver, e nós somos muito gratos por isso”, comentou.
Desafios regionais
Um levantamento realizado pela Assembleia Fiscal da Alerj revela que o Médio Paraíba tem uma estrutura econômica bem organizada em comparação às demais regiões do estado, com um bom índice de formalização do emprego, graças ao nível de industrialização.
O percentual entre a oferta de empregos formais da indústria e o total da população é de 5,5% quando a média do estado é de 2,3%.
A região foi também a que menos empregos perdeu na crise, entre 2014 e 2019 (2,1% contra uma média de 13% do estado e 4,1% do Brasil), mas os números oficiais do Ministério da Economia mostram que a indústria automobilística e de autopeças que está concentrada ainda precisa crescer.
Enquanto, no Rio, o total de empregos diretos na produção de automóveis, caminhões e ônibus (praticamente toda concentrada no Médio Paraíba) era de 17.752 em 2019; nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Cataria era de, respectivamente, 235.772, 48.405, 42.881 e 22.455.
“Já fomos, até a década de 90, o segundo estado brasileiro em número de empregos industriais. Hoje, estamos em sexto lugar. temos que retomar o protagonismo perdido porque a crise mostra que o setor industrial, mesmo na crise, tem muito mais fôlego para segurar empregos do que o setor de serviços e é um setor indutor de desenvolvimento”, afirmou o presidente André Ceciliano.