Guedes pede flexibilidade do Mercosul para negociar acordos bilaterais
Os países-membro do Mercosul precisam de mais liberdade para negociarem acordos bilaterais, defendeu o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta sexta-feira (23).
Em sessão temática do Senado sobre o aniversário de 30 anos do bloco, o ministro declarou que a flexibilidade para cada país negociar acordos individuais aumenta a integração internacional, respeitando o ritmo de cada sócio.
“Deixa um dos nossos membros fazer um acordo lá fora diferente. Se estiver bom, o conjunto, o grupo, avança naquela direção. Se não for bom, não avançaremos”, disse o ministro.
O bloco é composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela está suspensa. Na avaliação de Guedes, a negociação de acordos comerciais individuais por um dos membros pioneiros não significa a rejeição do bloco.
“A gente quer avançar no sentido de modernização e de integração internacional”, justificou. Segundo o ministro, o Mercosul deveria ser flexibilizado para permitir que cada sócio avance em velocidade distinta em direção à liberalização do comércio internacional.
Atualmente, cada membro do Mercosul pode negociar acordos comerciais isoladamente, desde que as discussões não englobem a prática de tarifas distintas das de outro país do bloco. Em 2018, o Brasil assinou um acordo nesses moldes com o Chile.
Ao alegar que quer cumprir o programa de governo, Guedes disse que o Brasil quer avançar em duas frentes. A primeira consiste na liberdade de negociação. A segunda é a redução da Tarifa Externa Comum (TEC), que enfrenta a resistência da Argentina.
Entendemos a situação de membros que podem ter dificuldade de baixa-la no momento, mas para o Brasil é importante. Temos que mostrar que estamos indo na direção de abertura”, destacou Guedes.
Recentemente, o Brasil reduziu as tarifas de importação de bens de capital e de informática, que não estão sujeitas à TEC. Alguns produtos tiveram a alíquota zerada. Na ocasião, o governo brasileiro alegou que a redução de custos para os empresários decorrente das reformas da Previdência e trabalhista deveriam se repassadas para o comércio exterior.
Ainda segundo Guedes, o Mercosul teve sucesso nos primeiros dez anos, mas o fluxo de comércio diminuiu nos anos seguintes por causa da falta de integração internacional do bloco.
“Uma grande ferramenta que foi criada como uma avenida em direção à globalização e à integração acabou virando uma bolha que nos isolou dos grandes fluxos de comércio e investimento”, criticou.
O ministro destacou que, nas últimas décadas, 3,7 bilhões de europeus e asiáticos saíram da miséria por meio do livre comércio global.