Governo deve prorrogar auxílio por mais 4 meses com valor de R$ 300
O auxílio emergencial deverá ser prorrogado até dezembro deste ano, com quatro parcelas de R$ 300, valor defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo fontes das alas política e econômica do governo.
O anúncio do Renda Brasil, programa social que substituirá o Bolsa Família e será a marca social do governo Bolsonaro, ficará para um segundo momento para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha mais tempo de encontrar espaço para acomodar o novo gasto dentro do teto, que limita o avanço das despesas à inflação.
O presidente quer um plano que não inclua a revisão ou a extinção de outros benefícios, como o abono salarial, uma espécie de 14º salário pago a trabalhadores com carteira e com salário até R$ 2.090 e que custa cerca de R$ 20 bilhões ao ano.
O abono é considerado ineficiente pela equipe econômica, mas a proposta foi rejeitada pelo presidente em reunião na última terça-feira (25). No dia seguinte, em viagem a Minas Gerais, Bolsonaro avisou que não vai “tirar de pobres para dar a paupérrimos”.
Na primeira referência pública de Guedes às críticas do presidente, o ministro, que chegou a ser alvo de rumores de que pediria demissão, disse que tomou um “carrinho” de Bolsonaro nesta semana.
“Ainda bem que foi fora da área, senão era pênalti”, brincou Guedes em uma live organizada pelo setor do aço. Nesta sexta-feira (28), o ministro e Bolsonaro se encontraram fora da agenda oficial dos dois.
Enquanto não aponta a fonte do novo programa, a ideia do governo é que a extensão do auxílio seja uma transição para um “pouso suave” no novo Renda Brasil. Os técnicos da área econômica continuam debruçados sobre as alternativas para liberar espaço no Orçamento para o Renda Brasil e não desistiram nem mesmo de tentar convencer o presidente a propor alguma mudança no alcance do abono salarial atual.
A ideia é tentar emplacar a mesma alteração proposta na reforma da Previdência, que restringia o abono a quem ganha até um salário mínimo, que equivale a R$ 1.045. A medida também foi rejeitada pelo Congresso.
Também nesta sexta (28), o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que quem dá o “timing” sobre temas como a prorrogação do auxílio emergencial e a criação do Renda Brasil é a política. Segundo ele, a equipe econômica tem simulações prontas sobre os gastos que os benefícios vão acarretar.
Ele foi questionado se o Renda Brasil começaria a ser pago já no início do ano que vem. “Talvez antes, talvez no começo de 2021”, respondeu.
Sobre o auxílio emergencial, o ministro disse que “a gente sabe que R$ 600 é muito e R$ 200 é pouco. Estamos tentando acertar os números, mas está tudo claro, tudo tranquilo”, comentou.
O auxílio emergencial foi criado originalmente para durar três meses, tendo como base os meses de abril, maio e junho. Depois, o governo prorrogou por duas parcelas, julho e agosto, por meio de decreto.
O valor de R$ 600 foi mantido em todo esse período. Para mexer no valor, será preciso editar uma Media Provisória (MP), que tem vigência imediata.