Guedes pressiona França e Bélgica a aceitarem o Brasil na OCDE
No Fórum Econômico Mundial, ministro subiu tom contra europeus: ‘Nos aceitem antes que se tornem irrelevantes para nós’
A agenda desta quarta-feira, 25, no Fórum Econômico Mundial (WEF, sigla em inglês) em Davos, na Suíça, contou com a participação do ministro da Economia do Brasil. Em um dos painéis do dia, Paulo Guedes fez pressão sobre nações europeias, como França e Bélgica, com relação ao aval para o país ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
Guedes participou de um painel sobre como gerenciar a dívida pública global. O ministro dividiu o palco em Davos com outras autoridades financeiras internacionais, como Daniele Franco, ministro da Economia da Itália, Patrick Khulekani Dlamini, diretor-executivo do Banco de Desenvolvimento da África Austral, e Gita Gopinath, vice-diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O ministro Paulo Guedes citou nominalmente França e Bélgica como países que vêm dificultando o ingresso do Brasil na OCDE, em razão de supostas políticas de proteção aos setores agrícolas internos. O país recebeu um convite da organização em janeiro para iniciar o processo formal de admissão.
A organização de fomento ao comércio internacional reúne atualmente 38 nações, a maior parte delas considerada desenvolvida. Para formalizar o ingresso, no entanto, o país candidato precisa aderir a uma série de boas práticas, entre elas passar por uma reforma tributária. Tradicionalmente, a entrada na OCDE se dá num prazo de até quatro anos depois do convite, mas Guedes vem tentando acelerar o cronograma.
“Nós costumávamos ter uma balança comercial de US$ 2 bilhões com a França e de US$ 2 bilhões com a China no começo do século. Agora, nós trocamos US$ 120 bilhões com a China e US$ 7 bilhões com a França. É irrelevante para a gente”, acrescentou Guedes em Davos nesta quarta-feira.
Brasil é potência de energia limpa
Em comentário a respeito das consequências econômicas da guerra entre Rússia e Ucrânia, Guedes afirmou que a Europa tem a chance de olhar para o Brasil como alternativa de parceiro estratégico. Principalmente, diz o ministro, em possibilidades de negócios envolvendo o setor de energia e o agronegócio.
“Eu falei para os europeus: vocês perderam a Rússia e agora vocês estão perdendo a América Latina. Vocês vão ficar sozinhos se não entenderem que devemos integrar os que ficaram para trás. Nós ficamos para trás, mas agora vamos crescer no eixo de energia verde, digital e segurança alimentar”, comentou o ministro.
“Quinze por cento da nossa energia é eólica e solar e vamos dobrar isso, 65% são de hidrelétrica. Praticamente 80% de energia limpa. Quem vai produzir hidrogênio limpo para a Europa? Porque eles não podem depender do gás natural russo. Nós somos os candidatos, então quem quer produzir energia eólica vem para o Brasil.”