Vassouras: onde a riqueza da cultura substitui o Império do Café
Empreendimento do empresário Ronaldo Cezar Coelho muda a história da cidade e a coloca como novo polo Cultural do Estado do Rio
Se Vassouras foi símbolo da riqueza e da opulência geradas pelas lavouras de café que a tornaram a maior produtora do grão do planeta durante o período imperial, a cidade, hoje, se transforma no mais importante centro de educação e cultura do estado.
Porém, esse ‘novo ciclo’ de desenvolvimento não está sendo plantado, como no passado, por imensas lavouras de café, mas sim cultivado pela cultura.
Um dos principais palácios locais, a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras, que se encontrava em ruinas, foi adquirido pelo empresário Ronaldo Cezar Coelho para ‘plantar’ no meio da praça principal da cidade o Museu Vila de Vassouras.
Museu Vila de Vassouras – Investimento de R$ 50 milhões (Foto: Prochnik Arquitetura)
Com uma reforma que já dura quase dois anos, o antigo hospital se transformou em um equipamento de cultura ao nível de qualquer museu importante do mundo.
Com cuidado e absoluto respeito à história do prédio e da cidade, Cezar Coelho estabeleceu algumas metas para o projeto: em primeiro lugar, diz ele, “vamos contar a história de Vassouras e região, marcada obviamente pela riqueza do café e pelos grandes responsáveis que a tornaram viável: os negros escravizados. Mas, também, vamos trazer arte e cultura contemporâneas”.
Ato raro no empresariado brasileiro, o investimento não tem recursos públicos. Tudo bancado pelo próprio empresário. Calcula-se na ordem de R$ 50 milhões.
A inauguração está prevista para exatamente daqui há um ano: setembro de 2022. No entanto, Ronaldo não garante a data. Segundo ele, a tecnologia embarcada em todo projeto é muito complexa, e sua implementação pode exigir um pouco mais de tempo.
Museu Vila de Vassouras – Obras devem terminar em setembro de 2022 (Foto: Prochnik Arquitetura)
Além do novo museu, Vassouras vai se preparando para atender a esse ‘novo ciclo’ de desenvolvimento, com novos equipamentos turísticos. Fazendas históricas que pertenceram a Barões do Império, tais como a Fazenda Guarita, hoje Hotel do Café, que pode ser visitado no site: (clique aqui) e fazenda São Luís da Boa Sorte, se transformaram em hotéis de luxo, onde hóspede se sente, também, um verdadeiro barão.
O Hotel Mara, o ‘Copacabana Palace’ da cidade, antiga residência do irmão do Barão de Vassouras, com 60 apartamentos, passa por profundas reformas, mas já representa o renascimento da hotelaria na cidade.
Mais recentemente, prevendo o ‘boom’ de turistas, foi inaugurado o Hotel Bliss, com 40 apartamentos. O Hotel Santa Amália se junta aos dois para oferecer estadia de qualidade aos turistas.
Outra novidade para o turismo de Vassouras é a linda estação Ferroviária, construída em 1880, que será transformada em um centro gastronômico, com padaria, sorveteria, restaurante e choperia.
Os palácios na cidade, que foram residências do Barão do Ribeirão e do Barão de Vassouras, estão sendo restaurados com primor pelo prefeito Severino Dias.
Fora essas iniciativas, some-se o Museu Cazuza, onde a mão do cantor, Lucinha Araújo, também vassourense, colocou todo acervo do artista.
O Museu Casa da Hera, residência de Eufrásia Teixeira Leite, a maior empresária brasileira do Império, representa a ‘cereja do bolo’.
Se Vassouras já cedeu ao Brasil cinco ministros do Supremo Tribunal Federal, o último é Luiz Roberto Barroso e um governador, da Guanabara, Carlos Lacerda, agora vai oferecer cultura ao país.
E, por fim, a Universidade de Vassouras, com 6 mil alunos, também representa esse vetor de educação e cultura com base de desenvolvimento sustentável.
Praticamente falida há 6 anos e em vias de fechar as portas, a Universidade foi totalmente recuperada sob o comando de Marco Caputi, empresário que revolucionou a instituição, ao imprimir severa gestão dos recursos, implementando um plano estratégico.
Assim, Caputi já construiu um Centro de Convenções para duas mil pessoas e um hospital de referência com 20 mil metros. Tudo com recursos próprios.
Se Minas tem o Museu do Inhotim, Vassouras e o Rio têm, agora o Museu Vila de Vassouras, o marco do novo ciclo do desenvolvimento da cidade. O ciclo da riqueza pela cultura.
Museu Vila de Vassouras – Situação futura da fachada (Foto: Prochnik Arquitetura)